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Revista da Faculdade de Letras : Filosofia
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A escrita kierkegaardiana : a palavra que continua a abrir a Filosofia
Jorge Leandro Rosa
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ResumoComo é bem conhecido, durante quase toda a sua vida de autor, Kierkegaard opôs-se à concepção hegeliana da verdade como uma «geografia conceptual» (A. Hannay), manifestando, contudo, um conhecimento íntimo desta. Entendida no seu sentido kierkegaardiano, a subjectividade destrói essa geografia já que ela é, em si própria, uma nova forma de revisitação daqueles conceitos hegelianos que ajudaram a definir a filosofia moderna como um mapa do ser. Entrecruzando a verdade e a fé ao ponto de as sobrepor, Kierkegaard atribui ao indivíduo a possibilidade de adquirir um ponto de vista complexo sobre si mesmo. Será, assim, privilegiada a intrincada estrutura da vida própria, radicada na sua nudez e insuficiência constitutivas, abertura do indivíduo à latência do ser, em detrimento da paisagem ontológica da «história mundial». A escrita é central para esta viragem. Em Kierkegaard, ela manifesta-se como um duplo movimento: a compreensão de si é sempre e necessariamente uma compreensão da escrita. Nesse sentido, a «graça» e a «escrita» podem ser entendidas como o caminho duplo daquele que se torna ele mesmo. Há aqui um contraste com um certo tipo de filosofia especulativa orientada para a construção do seu sistema. Enquanto escritor, o pensador equivale a um perpetuum mobile, o que o coloca em directa oposição a uma certa imobilidade expressiva que seria a posição do filósofo profissional do século XIX. A subjectividade está separada da verdade, não porque lhe seja impossível atingi-la, mas antes porque entra num movimento não participante, capaz de entrar e sair da verdade. Isso é possível porque a subjectividade kierkegaardiana não deriva de uma concepção que identifique o eu à apropriação. O «instante» está no coração de uma tal concepção, ele que é, simultaneamente, a mais activa e a mais passiva das formas ontologicamente determinadas.
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Data da última atualização: 2022-05-24
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